Recebi este artigo do CRP e repasso para que muitas pessoas entendam o Transtorno Bipolar e até mesmo, o comportamento dito Bipolar que hoje muitas pessoas desencadeiam...
Conheço muitas pessoas que possuem as atitudes abaixo descritas, são ou ainda nem sabem que são Bipolares, mas agem de forma neurótica diante dos altos e baixos da vida!!!!!
Cuide de sua mente, vigie seu comportamento e busque a cura da alma!!!!
Orai e vigiai...sempre!!!!!!!!
Orai e vigiai...sempre!!!!!!!!
Que assim seja...
Muita Luz...
Oxalá...
Bruxa Preta
TRANSTORNO BIPOLAR
( Michel Aires de Souza)
No final do século XIX e começo do século XX Freud diagnosticou que toda sociedade era neurótica, hoje em pleno século XXI diagnosticamos que o transtorno bipolar tornou-se a condição existencial do homem contemporâneo. A neurose é uma patologia da mente que geralmente persiste em intensificar um fragmento da realidade. É uma idéia exagerada que se mantém na mente determinando o modo de ser e viver do indivíduo. Em outras palavras, é uma reação exagerada que ocorre no aparelho neuronial em relação a uma experiência vivida. O ciúme exagerado, a ansiedade extrema diante de uma situação, o medo exagerado de alguma coisa, a limpeza exagerada, o sentimento de perseguição são formas de comportamentos neuróticos. Os neuróticos são pessoas, mais assustadas, mais tensas, mais ansiosas que as outras.
Freud diagnosticou em sua época que a neurose é a condição existencial do homem moderno. Em sua opinião, o comportamento neurótico do homem moderno surge do conflito irreconciliável entre as exigências da satisfação pulsional e as exigências repressivas da civilização. O homem é um ser do desejo, das paixões, da sexualidade. Contudo, a realidade é hostil aos seus impulsos e desejos. O homem tem que trabalhar para poder viver. A sociedade não tem meios suficientes para sustentar a vida de seus membros. Dessa forma, as energias da atividade sexual devem ser canalizadas para o trabalho. Todos os bens culturais têm origem na sublimação das pulsões, em particular das pulsões sexuais. Com isso, a civilização mobiliza todas suas forças para reprimir a sexualidade. O resultado disso são as neuroses. Para Freud toda sociedade é neurótica devido à insatisfação de impulsos primordiais, insatisfação exigida num grau muito superior que o necessário.
Hoje em pleno século XXI a situação melhorou bastante, não precisamos mais sacrificar nossa sexualidade em nome do trabalho e do progresso da civilização. O trabalho produtivo tem se automatizado, vivemos na era do desemprego estrutural. Além disso, os valores da sociedade tornaram-se mais flexíveis, diferentemente da época de Freud, onde a sociedade era mais rígida e patriarcal. Vivemos numa época onde o sexo não é mais pecaminoso. O homossexualismo não é mais um crime. Há prostitutas em todas as sociedades. O individuo de hoje tem uma sexualidade mais plena, mais madura e equilibrada. Dessa forma, a neurose não surge mais dos impulsos sexuais reprimidos. As doenças psíquicas de nossa época se modificaram, uma vez que os problemas que afligem o indivíduo são outros.
Hoje na era da globalização, vivemos numa sociedade do consumo, de prazeres ilimitados, onde o indivíduo pode ter tudo o que quiser. Não há mais valores pré-estabelecidos. Deus não é mais o centro das relações sociais. A moral não é mais o fundamento da existência individual e coletiva. A instituição familiar se fragmentou. Vivemos numa sociedade dinâmica e relativista. Não há mais barreiras morais, religiosas, familiares para o indivíduo se satisfazer e realizar suas potencialidades. O homem de hoje ganhou a liberdade da escolha. Essa liberdade da escolha gerou a angustia no ser humano.
Para o filósofo francês Jean Paul Sartre a angústia nasce da escolha. O homem é um ser da liberdade. É aquele que deseja e escolhe o que deseja. O homem contemporâneo sofre de idéias antitéticas. Ele não sabe o que quer e o que deseja. Ele sofre porque não sabe o que escolher. Seus sentimentos são ambivalentes. Isso quer dizer que ora ele quer uma coisa, ora ele quer outra. Ora ele quer ser solteiro, ora ele quer ser casado. Ora ele quer morar na cidade, ora ele quer morar no campo. Ora ele quer estudar computação, ora ele quer ser filósofo. Ora ele quer ser católico, ora ele quer ser budista. Ora ele acredita em Deus, ora ele nega Deus. O indivíduo moderno vive entre a mania e a depressão por não saber escolher. Ele assume compromissos que não pode cumprir. Ele faz escolhas que não deseja. As idéias antagônicas passam a fazer parte de seu dia-a-dia. Seu pensamento torna-se bipolar.
Do nosso ponto de vista, há uma relação causal entre idéias antagônicas e o transtorno bipolar. A fragmentação da mente em desejos opostos e idéias antitéticas pode causar estados de mania ou de depressão devido às escolhas que o indivíduo faz. A indecisão, a dúvida, as escolhas mal feitas, os compromissos não compridos ou indesejáveis geram angústia, que por fim, desenvolvem estados de ansiedade e excitação ou estados desânimo e depressão, características do transtorno bipolar. Certas escolhas ou desejos perturbam o humor e a atividade do sujeito, gerando grande ansiedade e elevação da energia ou rebaixamento do humor ou da atividade e energia. Não queremos dizer com isso que o transtorno bipolar não seja uma doença bioquímica, mas apenas que há uma relação causal entre idéias antitéticas, típica do homem contemporâneo e o transtorno bipolar. De alguma forma as idéias antagônicas produzem uma desordem bioquímica, causando o transtorno. Isso também ocorre com o uso de drogas. As drogas causam uma desordem no aparelho neuronial e, conseqüentemente, também produzem o transtorno bipolar.
O transtorno bipolar é uma doença típica do mundo contemporâneo. Esse transtorno se caracteriza por uma perturbação do humor e da atividade do sujeito. Ora há uma elevação do humor e aumento da energia e da atividade (mania), ora há um rebaixamento do humor e de redução de energia e da atividade (depressão). No estado de mania o indivíduo sente um bem estar, um aumento da sociabilidade, do desejo de falar, da familiaridade e do desejo sexual. Neste estado o indivíduo fica eufórico, fala muito, faz várias atividades ao mesmo tempo, às vezes faz muitas compras e sente-se onipotente. Contudo, a euforia pode dar lugar à irritação, à explosões de raiva, à atitudes pretensiosas ou comportamentos grosseiros. No estado de depressão o indivíduo sente-se prostrado, sem forças, com baixo auto-estima, perde o interesse pela vida e tem sentimentos de suicídio.
O homem contemporâneo apresenta todas essas características do transtorno bipolar. Ele vive entre a mania e a depressão. Quando está eufórico ele apresenta uma alegria contagiante, é cheio de planos, tem elevada auto-estima, tem delírios de grandeza, faz muitas compras, gasta muito dinheiro e tem muita atividade sexual. As vezes também apresenta grande vigor físico, fala muito e sente-se onipotente. Em alguns casos este estado de euforia torna-se irritabilidade, agressividade, arrogância e pretensão. Quando está com depressão, o homem contemporâneo apresenta um estado de desânimo, baixa auto-estima, sentimentos de inferioridade, perda de interesse, angústia existencial e tédio. Esse quadro mostra-nos que o transtorno de humor tornou-se a condição existencial do homem contemporâneo.